30.8.10

Pérolas antes do pequeno almoço

Da Internet retirei o seguinte texto:

Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos numa estação de metro de Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma atenção. A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do Jornal “Washington Post”, que pretendeu lançar um debate sobre a arte, beleza e contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava num Stradivarius de 1713 – que vale 3,5 milhões de dólares.

Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi ostensivamente ignorado pela maioria.

A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que, diz o jornal, indicará que todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de nós.

“Foi estranho ser ignorado”. Bell, que é uma espécie de “Sex Symbol” da clássica, vestido de jeans, t-shirt e boné de basebol, interpretou “Chaconne” de Bach que é , na sua opinião, “uma das maiores peças musicais de sempre, mas também um dos grandes sucessos da história”. Executou ainda “Ave Maria” de Schubert e “Estrellita” de Manuel Ponce, mas a indiferença foi quase total.

Esse facto, aparentemente, não impressionou os utentes do metro. “Foi uma sensação muito estranha ver que as pessoas me ignoravam”, disse Bell habituado ao aplauso. “Num concerto fico irritado se alguém tosse ou se um telemóvel toca. Mas no metro as minhas expectativas diminuíram. Fiquei agradecido pelo mínimo reconhecimento, mesmo um simples olhar”, acrescentou.

O sucedido motiva o debate, foi este um caso de “pérolas a porcos”? É a beleza um facto objectivo que se pode medir ou tão só uma opinião? Mark Leitahuse, director da Galeria Nacional de Arte, não se surpreende: “A arte tem de estar em contexto”. E dá um exemplo: “Se tirarmos uma pintura famosa do museu e a colocarmos num restaurante, ninguém a notará”.

Para outros, como o escritor John Lane, a experiência indica a “perda da capacidade de se apreciar a beleza”. O escritor disse ao “Washington Post” que isto não significa que “as pessoas não tenham capacidade de compreender a beleza, mas sim que ela deixou de ser relevante”.

A meu entender, as palavras expressas pelo "Washington Post" foram exageradas, desnecessárias e um pouco absurdas. Já Mark Leitahuse tem toda a razão.


Vejam o vídeo

2 comentários:

Anónimo disse...

Já conhecia a história e é triste...a triste realidade :(

E? disse...

Temos que ver também que isso se passou em hora de ponta numa cidade em que as pessoas andam a correr.
Se eu estivesse lá, talvez colocasse a hipótese de ser em playback, como muitas vezes acontece.

Mas é um caso que dá que pensar, e é mesmo verdade que somos influenciados pelo contexto.
Isso também se aplica (por exemplo) à moda: muitas vezes só passmos a prestar atenção a determinada peça porque fomos alertados para isso, quer pelas outras pessoas quer pela publicidade.